Estrutura básica de uma novela gráfica
Quanto
aos personagens
1 - Herói (protagonista)
2 - Mentor – velha ou velho
sábio (não precisa ser necessariamente “velho”)
3 - Guardião
de Limiar
4 - Arauto
5 - Camaleão
6 – Sombra
(vilão)
7 – Pícaro
O Herói
A principal
característica que define esse arquétipo é a capacidade que ele tem de se
sacrificar em nome do bem estar comum. Nos enredos de ação esse arquétipo é
personificado, preferencialmente, pelo protagonista. É ele que vai conduzir a
história aos olhos do leitor, o desenvolvimento da trama está pautado nas ações
do herói perante o ambiente que lhe é apresentado e no resultado dessas ações.
Portanto, para uma história ser bem aceita pelo público é preciso que ele tenha
uma identificação com o herói. Quanto mais humana a feição do herói mais
provável a identificação. É preciso que o herói tenha suas qualidades louváveis
e desejadas pelo leitor e ao mesmo tempo possua fraquezas que o tornem mais
humano e mais próximo do leitor.
Com o
herói sendo o protagonista, o roteiro se torna um relato da aventura dele. Uma
jornada onde ele deixa o seu mundo comum e cotidiano e parte para novas
descobertas e desafios. O estímulo para essa jornada é a mudança de algo em seu
mundo comum, e ele parte para buscar a restauração desse mundo; ou ele está
insatisfeito em seu mundo e parte para provocar uma mudança. Em ambos os casos
o motivo da jornada é a falta de alguma coisa. O herói se sente incompleto e
vai em busca de sua plenitude. O resultado é a transformação do próprio herói.
Mesmo que o ambiente não se altere o herói não o enxerga mais da mesma forma. O
sacrifício foi feito e o herói do começo da história morre para dar lugar a
outra pessoa: uma pessoa transformada.
O
confronto com a morte é outra característica desse arquétipo. A morte pode ser
física ou simbólica, mas está presente. Na maior parte dos casos o herói se
depara com a morte eminente e triunfa sobre ela, se tornando um mártir (quando
ocorre a morte física) ou renascendo a partir de sua própria destruição (quando
a morte física foi apenas uma ameaça ou quando a morte é simbólica). Em ambos
os casos o herói triunfa.
O
arquétipo do herói não é exclusivo do protagonista, muitos personagens (inclusive
o vilão ou a sombra) podem ter atitudes heróicas. Da mesma forma que o herói
pode ter características de outros arquétipos. A riqueza de um personagem é sua
complexidade; a capacidade de assumir outros arquétipos, sem se esquecer do
principal, dá uma dimensão humana permitindo a identificação e a credibilidade.
Poucos ( e cada vez menos) acreditam em heróis que só praticam o bem pelo bem e
em vilões que só praticam o mal pelo mal.
O Mentor
Como a
função do herói é o aprendizado, ele necessita de alguém que o guie, pelo menos
até o momento em que ele possa andar com seus próprios pés. O mentor pode ser
um herói de uma jornada anterior, portanto, ele é uma projeção do que o herói
se tornará ao fim de sua aventura. Em outros casos o mentor pode ser um herói
que, no passado, falhou na sua jornada, mas mesmo assim adquiriu alguma
experiência que pode ser útil ao herói.
Além dos
ensinamentos o mentor pode dar ao herói algum presente que o ajude na sua jornada
ou, como em certas histórias, o mentor pode fazer um papel de consciência do
herói.
De um
modo geral a função do mentor é estimular a entrada do herói na aventura; dando-lhe
um presente ou apresentando a situação de tal maneira que o herói vença o seu
medo e parta para a aventura.
O Guardião do Limiar
No
decorrer da aventura o herói enfrenta desafios. Esses desafios podem ser
obstáculos tentando impedir que o herói continue a sua jornada, ou aliados que
estão ali para testá-lo. Muitas vezes um guardião depois de ser ultrapassado se
torna aliado do herói ou até uma espécie de mentor.
Em
algumas histórias esses guardiões são aliados do vilão que possuem poder menor
que o vilão. Para a preparação do herói é necessário que ele enfrente estes
asseclas e se torne mais forte para enfrentar o vilão. Neste sentido o guardião
é uma prévia da luta final. Se a história é uma luta psicológica os guardiões
estão representados nas próprias limitações internas do herói.
O
guardião, assim como o mentor, pode estar representado por cenários, objetos,
pensamentos. Não precisam, necessariamente, que sejam personagens da história
para que se façam presentes.
O Arauto
O arauto
é a primeira chamada à mudança. Pode ser um personagem ou fato que traga ao
herói a vontade ou decisão de se lançar na aventura. Em algumas histórias o
arauto representa a primeira manifestação das energias da sombra.
Quando o
herói vive uma situação de desequilíbrio o arauto é a força que vai ser a gota
d’água. O herói parte para enfrentar o primeiro guardião de limiar.
O Camaleão
A
característica desse arquétipo é a mudança. Pode estar representado por um
personagem, geralmente de sexo oposto ao do herói, que aos olhos do herói e do
espectador apresente uma mudança de aparência ou de espírito, de forma que não
se possa prever as suas ações.
A função
do camaleão é acabar com a previsibilidade da história. O herói, assim como o leitor,
fica em dúvida com relação à fidelidade do camaleão. Pode ser um aliado do
herói ou um aliado da sombra.
O arquétipo
do camaleão pode ser assumido, momentaneamente, por personagens que representam
outros arquétipos. A sombra, o herói, o mentor, o guardião, enfim, todos podem
apresentar as características do camaleão para atender melhor suas próprias
funções. Muitas vezes isto se dá quando um personagem representativo de um
arquétipo finge ser representante de outro.
A Sombra
A sombra
é representada pelo vilão ou inimigo do herói. Seu objetivo é, geralmente, a
morte ou destruição definitiva do herói. Por outro lado, o antagonista do herói
pode ser um aliado que discorda das ações do herói e opta por tomar outras posições,
de forma que ambos entram em uma competição para resolver a história.
A função
primordial da sombra é impor desafios ao herói, de modo que esse tenha que se
fortalecer para vencê-los. A sombra pode ser um reflexo negativo do herói. Em
uma história de luta psicológica, a sombra é representada por traumas e culpas
do próprio herói.
Assim
como o herói, a sombra pode se tornar mais interessante se possuir uma feição
humana, ou seja, ter defeitos ou qualidades que a aproximem do espectador. Além
das fraquezas mortais, a sombra pode ter um lado bom ou uma visão que
justifique suas ações.
O Pícaro
Esse
arquétipo pode ser representado por um palhaço ou qualquer personagem cômico. Ele
carrega em si o desejo de mudança da realidade.
A função
desse arquétipo é acordar o herói para a realidade, denunciando a hipocrisia e
o lado ridículo das situações apresentadas. Essa função também atinge o leitor,
uma vez que ele e o herói estão ligados, trazendo um alívio cômico após uma
situação tensa da história.
Esse
arquétipo também pode aparecer ou ser assumido por personagens representativos
de outros arquétipos. O herói picaresco, por exemplo, é muito comum em contos
tradicionais de vários países e uma constante nos desenhos animados infantis.
Obs:
Duas perguntas podem nos ajudar a identificar a natureza de um arquétipo:
1 - Que função psicológica, ou que parte da personalidade
ele representa?
2 - Qual a sua função dramática na história?